Minha viagem aos EUA - iPad


by Rafael Rosa

Salve,

Como comentei anteriormente, durante a viagem me propus um desafio: ficar duas semanas sem notebook, usando apenas um iPad para me manter conectado ao mundo. Parte disso era para carregar menos coisas, iria trazer um iPad para minha esposa e não queria levar um notebook na bagagem, e também para ver se o mundo Mac é esse negócio tão incrível quanto falam, porque, apesar da maioria dos meus amigos usarem Macs, eu não mesmo nunca usei por períodos mais longos que 1 hora, essa viagem me daria uma oportunidade de viver com os iGadgets 24 horas por longos períodos, sem os meus Androids por perto.

No fim, o iPad foi uma surpresa: ele era muito pior do que imaginava, foi uma decepção absurda. Não bastasse a dificuldade que foi para comprar a tralha (tive que ir 3 vezes à loja), e a grana que gastei (US$ 900 no total, por um iPad 3G 16 GB mais capa de couro, teclado e adaptador HDMI), ele me decepcionou imensamente. O teclado virtual do iOS é uma coisa medonha, não sei como alguém consegue utilizá-lo por mais de 2 segundos, e para piorar não posso escolher outro como faço no Android, onde já experimentei vários teclados diferentes.

A AppStore é muito ruim, tão ruim quanto a do Android, não sei porque elogiam aquele negócio, a burocracia para se conseguir uma conta por lá é grande, as informações sobre apps é de baixa qualidade e achar novos programas é um parto, e dado o lock-in absurdo, não tem para onde correr, só há um canal e temos que engolí-lo, não tem choro nem vela. O tal Genius é uma piada, poucas recomendações apesar das centenas de milhares de apps, vou dar um desconto porque imagino que melhore com uso prolongado, mas ainda tive dificuldades imensas para conseguir configurar minha conta corretamente e usar gift cards para compras, mas acho que um dos piores pontos é o Safari, que browser mixuruca.

No meu Galaxy, passo a maior parte do tempo com o browser aberto, no caso uso o Dophin HD (recomendo), que, apesar de usar a engine do browser nativo, traz várias facilidades de navegação que o deixam parecido com o Chrome, em especial a navegação por abas e o speed dial, que são bookmarks que aparecem quando você cria uma nova aba. O Safari do iOS é patético, ruim de utilizar, com botões pequenos, difícil de trocar entre abas e o pior é o zoom de texto, ou melhor, a falta de algo realmente útil. No Android, dois taps no texto faz com que o browser faça zoom e ajuste o texto para caber corretamente na tela, alterando sua disposição se necessário, não consegui fazer isso funcionar no Safari, e sem isso é impossível ler artigos no browser. Para arrematar, vários sites ficaram com as famosas caixinhas azuis por falta de Flash, do qual não sou fã, mas ele continua sendo usado em muitos sites. No quesito e-mail, ponto para a versão mobile do Gmail, porque aquele Mail app é uma vergonha de ruim, pastei horas até descobrir como apagava uma mensagem, “UX de primeira” my ass.

Comprei várias apps para ver se ajudava, incluindo o Penultimate, um bloco de notas para usar com stylus, e o Read It Later, que comprei para o Galaxy também, mas só o RIL foi útil, o outro não é uma Brastemp e acabei usando pouco, menos do que imaginava, uma pena. As coisas que realmente valeram a pena o dinheiro gasto foram os jogos, comprei o Infinity Blade, que é lindo é até que divertido, apesar de repetitivo, Street Fighter 4, que infelizmente é para iPhone e o zoom deixa meio zoado, mas é um excelente port, e mais alguns jogos mais genéricos, um chamado Samurai qualquer coisa me deixou bem interessado, mas a versão para Android não funciona em equipamentos Samsung. Também usei o Kindle, que é bem bom, e o Yelp, que me ajudou bastante por lá, mas nada do outro mundo.

É triste pensar que um super computador como o iPad só é útil para jogos, a tela dele é maravilhosa, mas o resto não é nada demais. Não tive nenhum momento “It just works”, na verdade, achei que foi muito mais complicado usá-lo do que os meus Androids, e olha que eu fui com a mente aberta, ao ponto de aceitar uma eventual conversão à Igreja de Jobs, mas não rolou. Pode ser que eu tenha feito alguma coisa errada, o fato de não ter um notebook completo tenha me dado parte das dores de cabeça, mas dado que só conecto meus Androids na tomada, esperava uma experiência tão boa quanto no iOS, e não foi o que aconteceu. Um ponto que atrapalhou bastante foi o fato do 3G não ter funcionado, as gambi cortados com chips da T-Mobile não deram certo, então fiquei preso aos wi-fis da vida, mas até que estava bem servido.

Resumo: duas semanas de sofrimento e irritação com um equipamento que é lindo, potente, caro e restritivo, não troco meu Galaxy por ele nem a pau. Chegando em casa ele foi para minha esposa, que o usa relativamente pouco, agora passou a usar mais porque achou uma revista de tricô que ela gosta, mas é extremamente sub-utilizado quando comparo com o meu Galaxy. Não foi dessa vez que o lado branquinho da força me pegou.

No próximo post vou falar das coisas que não gostei dos EUA, até a próxima.