Lutando contra uma bateria


by Rafael Rosa

Salve,

Quem me conhece sabe que sempre fui anti-Apple, não porque os produtos deles são ruins, nem de longe, provavelmente são eles que fabricam o melhor hardware e o melhor software para quem trabalha com desenvolvimento, e para boa parte dos usuários comuns também.

Acredito que essa superioridade se dá especialmente no mundo desktop/notebooks, onde o Windows é aquela carroça comedora de recursos de sempre, que obriga seus usuários a trocar de hardware sempre que atualizam a versão, e ainda os impedem de trabalhar com tranquilidade em ambientes produtivos como o terminal disponível nos ambientes POSIX, sem falar da quantidade absurda de vírus e a existência do maldito registry.

O Linux, por outro lado, é muito mais seguro, estável e produtivo (sob o ponto de vista de quem não usa IDEs), mas carece da facilidade de uso, do vendor lock-in e da máquina de marketing de bilhões de dólares do Windows. Mesmo assim, após usar Ubuntu por 2 anos sem parar, tenho certeza que jamais voltaria para o Windows, os únicos problemas que enfrento com ele é quando preciso me integrar com coisas como o Word e o Excel, que admito são produtos muito bons (especialmente o Excel), ainda mais quando comparados à opções como o OpenOffice, que apesar da boa vontade, não está no mesmo nível. Felizmente, o Google Docs acaba suprindo a maior parte das minhas necessidades.

Sendo assim, ficar com o Ubuntu é uma escolha fácil e confortável, mas acabei esbarrando em um problema de difícil solução: a duração da bateria do meu notebook. Hoje tenho um HP Pavillion DV 2000, que comprei há uns 2 anos, processador dual core, 3 GB de memória, tela de 14”, um montão de disco, etc, um excelente equipamento, exceto pelo fato de pesar 1 tonelada (2,4 kg) e a autonomia da bateria ser ridícula, não passando de 1:30 h com muita boa vontade.

Como posso resolver esses dois problemas? O peso só consigo resolver trocando de hardware, e a bateria, bem, acabei de comprar uma nova, e o consumo continua absurdo. Sou obrigado a dizer que usei esse notebook a maior parte do tempo como um desktop, então esses problemas não me incomodavam tanto, mas agora gostaria de levar ele para passear e agora eles passaram a incomodar muito.

Nesse momento, os malditos notebooks da Apple começam a me tentar. O Mac OS X é bom sistema operacional, baseado no FreeBSD e NetBSD, e tem todas as vantagens de um sistema Linux mais algumas vantagens do Windows, em especial os codecs e ferramentas de edição de vídeo, que são excelentes, e acesso a coisas como Word e Excel nativos, que ajudam na interoperabilidade.

Quanto ao hardware, um Macbook Pro de 13,3” pesa 2,04 kg com autonomia de 10 horas (!!!) e um Macbook Air pesa 1,36 kg com autonomia de 5 horas. Ambos são relativamente caros, em especial o Air, mas são equipamentos de boa qualidade e valem o preço. O Air ainda tem outros problemas, como o fato de não ter sido atualizado há muito tempo e os relatos de quebra nas dobradiças, então é mais fetiche do que praticidade que me levam a considerá-lo, mas rumores dizem que ele será atualizado no fim do ano, vamos ver.

Outra coisa ruim é a utilização de conectores proprietários Mini Display Port para vídeo, talvez as próximas versões venham com saídas HDMI. Sobre esse ponto específico, foi o Akita que me esclareceu o fato do Mini Display Por ser royalty free, ao contrário do HDMI, o que é um ponto a favor para a Apple, que faz outras coisas open source bacanas como o Grand Central Dispatch (apesar de alguns problemas de licença) e o MacRuby. Resta saber se o Mini Display Port vai ser largamente adotado, mas aí o problema é da indústria como um todo, não da Apple. Como nem tudo são flores, o George Guimarães disse que através dele dá para forçar algumas coisa de DRM, mas segundo a Wikipedia, não faz parte do pacote básico, ou seja, alguém colocou o maldito DRM lá. Mas isso é assunto para outro post.

Em todo caso, sob o meu ponto de vista, só o fato de considerar essa possibilidade já é uma derrota. Não gosto da Apple não por causa dos seus equipamentos ou software, e sim por sua cultura de vendor lock-in extremo, que afetam principalmente a linha mobile. Esse lock-in traz uma série de vantagens técnicas, como a integração absurda de hardware e software, possibilitando uma autonomia de bateria incrível e excelente experiência do usuário, mas nada disso muda o fato de que eles impedem que seus clientes usem seus equipamentos como quiserem. Não vejo o menor problema neles limitarem o que entra ou não na App Store, afinal, a loja é deles, mas o que incomoda muito é o fato deles não permitirem a existência de outras apps stores com outros tipos de filtro, algo que o Android permite.

Outro ponto que me incomoda muito é a limitação das ferramentas para desenvolvimento no iOS, a cláusula 3.3.1 que já foi alvo de discussões acaloradas, mas parece ter sido esquecida. Porque diabos eu sou obrigado a usar apenas as ferramentas que o fabricante me “autoriza” a utilizar? Os argumentos de “melhorar a qualidade dos aplicativos e a experiência do usuário” são, no mínimo, tão estúpidos e tão “válidos” quanto dizer que certificações fazem com que programadores sejam melhores.

Você pode estar pensando “que idiota, nada disso é relevante”, “são só ferramentas”, “você não está sendo pragmático”, e eu respondo: foda-se o pragmatismo. Valores são mais importantes do que ferramentas, e dar dinheiro para uma empresa que faz coisas como essa é algo que eu classifico como errado, mesmo que não seja comprando os produtos mais problemáticos, como o iPhone ou o iPad.

Vou continuar procurando alternativas, notebooks PC mais leves e com baterias melhores, uma hora alguém tem que vender algo assim, e vou tentar tunar meu Ubuntu para aumentar a vida da bateria usando o PowerTop da LessWatts. Se alguém tiver dicas para me ajudar, que não seja comprar um Mac, ou recomendações de notebooks, por favor, deixem um comentário.

P.S.: Comentários ofensivos serão apagados sem remorso.